Quando o não filtrar é invisível a os olhos 

Exames laboratoriais somados à alimentação adequada e medicamentos são ferramentas para casos de DRC

Animais velhos são os mais predispostos ao surgimento da Doença Renal Crô- nica (DRC) caracterizada, como explica a médica-veterinária Carolina Padovani, do Centro de Nutrição e Bem-Estar Animal Waltham (Inglaterra), pela insufi ciência renal, ou seja, por uma perda irreversível de 67 a 75% dos néfrons, estágio em que os rins perdem a capacidade compensatória, podendo ocorrer a manifestação dos sinais clínicos. 

Já em animais jovens, normalmente, a doença renal é de origem congênita ou genética, onde se verifi ca a predisposição de algumas raças de cães e de gatos. “Por ser uma doença progressiva, ou seja, ocorre uma perda progressiva dos néfrons com a evolução da doença, o paciente poderá passar pelos diferentes estágios da doença. 

Além disso, por se tratar de uma doença silenciosa, normalmente, é detectada em estágio avançado. Diante disso, o diagnóstico precoce se torna fundamental, para que o paciente receba tratamento e suporte nutricional adequado contribuindo para minimizar os sinais clínicos e a progressão da doença”, explica.

A TECNOLOGIA A SEU FAVOR

A prevenção da doença, além de um diagnóstico precoce são fundamentais para que haja um melhor tratamento e prognóstico da DRC. “A ciência vem se aprimorando e a tecnologia aplicada nos laboratórios de análises clínicas nos oferece ótimos mé- todo e exame que favorece o diagnóstico precoce da DRC”, afi rma Carolina. 

Segundo ela, o objetivo dos exames laboratoriais é auxiliar o médico-veterinário a determinar o estado de saúde do animal. “Os exames solicitados para um paciente com suspeita ou com a doença renal crônica oferecem dados sobre o estado de saúde do animal e o estadiamento da doença. A dosagem de creatitina (resíduo da quebra de uma proteína – perda de massa muscular) é um indicativo da função renal, uma vez que se mostra aumentada até que 75% da função renal seja perdida”, detalha. Carolina ainda cita que dosagem do SDMA (dimetilarginina simétrica) é um biomarcador que reflete com mais precisão a taxa de filtração glomerular, consequentemente, a função renal. 

Se mostra alterado a partir da perda de 25% da função renal. “Desta forma, e seguindo recomendações propostas pela Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS, sigla em inglês para International Renal Interest Society ), é importante o médico-veterinário realizar exames laboratoriais frequentes e de rotina em cães e gatos, garantindo o diagnóstico precoce e a determinação do estágio da DRC para se estabelecer condutas terapêuticas adequadas, a fi m de melhorar a qualidade de vida, retardar a progressão da doença, aumentar a expectativa de vida e reduzir as complicações inerentes a sua evolução”, conta. “O exame clínico e exames laboratoriais complementares são necessários para se diagnosticar a doença renal. 

Esses exames são necessários para se descobrir exatamente quais são as alterações presentes naquele momento, para que o tratamento possa ser direcionado da melhor forma possível e permita adequado suporte clínico ao paciente. Como por exemplo: ureia, creatinina, SDMA, densidade e Ph urinário (exame de urina), fósforo sanguíneo, imagem renal (ultra-som), pressão arterial, presença de proteínúria, razão proteína:creatinina urinária e biópsia renal”, lembra.

COADJUVANTES NECESSÁRIOS

Como explicado por Carolina Padovani, o envelhecimento é o maior fator predisponente ao aparecimento da DRC. Em animais jovens normalmente a doença renal é de origem congênita ou genética, onde se verifica a predisposição de algumas raças de cães e de gatos. Dessa forma, o cuidado com a alimentação, hidratação e exames de rotina são essenciais para garantia da qualidade de vida e bem-estar dos gatos e cães. “Com o aumento da longevidade dos animais de estimação, doenças que costumam acompanhar a idade avançada, como as doenças renais crônicas, se tornam cada vez mais comuns e exigem um tratamento adequado.

Além do uso de medicamentos e de fluídos, o tratamento ótimo para as doenças renais inclui uma alimentação de qualidade, que possa ser coadjuvante ao tratamento e contribuir para a qualidade de vida do animal, conforme recomendado pela IRIS”. 

Ainda de acordo com ela, a adaptação de vários nutrientes pode ser benéfica para estes animais, objetivando modular a velocidade de progressão da lesão renal e o funcionamento dos néfrons, de forma a maximizar a eficácia do tratamento e melhorando a qualidade de vida do paciente. “Diversos estudos têm comprovado a eficácia de dietas renais na melhoria de cães e gatos que apresentam essas doenças, quando associadas aos tratamentos clínicos convencionais. 

Dessa forma, as alterações dietéticas têm seu lugar de destaque dentro do tratamento clínico e manejo do paciente com doença renal, podendo inclusive aumentar o tempo de sobrevida dos animais acometidos de forma significativa”, afirma a profissional. “Mas não podemos esquecer que, como a doença renal leva a perda de apetite, mal-estar e vômito, alimentar esses pacientes em alguns momentos pode se tornar um grande desafio”, afirma e completa que, por isso, que nessas fases é muito importante que o médico-veterinário tenha como auxiliar diferentes opções de alimentos com perfis aromáticos e texturas que possam estimular o apetite e a ingestão pelo animal. Os objetivos do uso de alimentos coadjuvantes ao tratamento da Doença Renal Crônica, de acordo com Carolina Padovani, são:

  • Reduzir o fornecimento de fósforo, principal nutriente que contribui com a progressão da doença renal crônica;
  • Fornecimento de teores moderados de proteína de alta digestibilidade;
  • Prevenir o fornecimento excessivo de sódio;
  • Melhora da perfusão renal, pela inclusão de nutrientes moduladores dos processos inflamatórios e vasodilatadores (Ácidos graxos ômega 3, Arginina, Polifenóis);
  • Manutenção do peso corporal ideal;
  • Minimizar as alterações digestivas e absorção de toxinas urêmicas pela inclusão de fi bras, FOS e zeolita;
  • Aumento do fornecimento de antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C, Polifenóis, Taurina);
  • Contribuição para o restabelecimento do equilíbrio ácido-básico; › Contribuir para melhor qualidade de vida e redução de episódios de uremia.

Por fi m, Carolina recorda que com o aumento da longevidade dos pets, algumas doenças associadas à idade avançada se tornaram mais comuns. “Entre elas, as doenças das especialidades de Nefrologia e Urologia, como doenças do trato urinário têm grande destaque. Relatórios de 2013, da rede americana Banfield Pet Hospital, demonstram que a doença crônica do trato urinário é considerada a primeira causa de morte em felinos com mais de 5 anos. 

Já dados da Universidade de Purdue (Indiana,EUA) sinalizam que o problema é muito mais comum em animais idosos, atingindo um em cada três gatos com mais de 10 anos de idade e chegando à 80% da população dos gatos com mais de 10 anos”, afirma e complementa que, para os cães, um estudo conduzido pelo Centro Veterinário de Urolitíase, no Canadá, indica que 60%, dos pets com doença do trato urinário analisados eram cães de raças pequenas, sendo as mais acometidas: shihtzu, schnauzer miniatura, bichonfrisé, lhasaapso e yorkshire terrie.

Qualquer dúvida, estaremos a disposição!!

DIAG & VET – Laboratório veterinário de Análise Clínicas.